quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Férias Escolares: as diversões e os perigos cercam seus filhos



soltando_pipa

Por Thais Farias
Em pleno período de férias escolares, torna-se praticamente impossível não perceber a garotada se divertindo das mais diversas maneiras.Em meio a tantas inovações e aparatos tecnológicos, ainda é possível notar que as crianças e os jovens não esqueceram totalmente das brincadeiras mais tradicionais e saem às ruas para dar o ar de sua graça. Soltar pipa, um belo jogo de futebol e um mergulho no rio são exemplos que podem ser corriqueiramente vistos pela capital.

É notável, também, o consentimento dos pais que não hesitam em deixar que suas crianças participem e aproveitem os dias de descanso brincando com os colegas próximos de casa.  Mas o que preocupa a população é o perigo que determinadas atividades vêm proporcionando a esses jovens. Uma simples brincadeira pode se transformar numa verdadeira tragédia e deixar famílias inconsoláveis.

Uma das preferidas ao ar livre é empinar pipa ou papagaio, especialmente em época de férias. A tal brincadeira transforma-se em perigo quando entra em cena o cerol, uma mistura criminosa de cola e vidro moído, que é passada na linha da pipa para cortar a linha das pipas de outras crianças.

A mistura se torna uma verdadeira navalha causadora de muitos acidentes fatais. Chegam a ser inúmeros os casos de graves acidentes causados pelos descuidos que os meninos passam a tentar, por exemplo, “aparar” uma pipa, são utilizados também variações de pó cortante, como o pó de ferro. Este tem um agravante, pode conduzir eletricidade quando toca nos fios de alta tensão provocando curtos circuitos e até morte em quem solta as pipas.

Os motociclistas são as principais vítimas, que em caso de acidentes tem parte do corpo cortada, principalmente a região do pescoço devido à falta de proteção. Neste local passa uma artéria de grande calibre e o corte desta pode provocar um sangramento intenso causando a morte da vítima em poucos minutos. Existem casos de pessoas que tentaram retirar a linha do pescoço e tiveram seus dedos amputados. Capacetes sem as viseiras podem favorecer o corte no rosto e olhos. O uso do cerol é proibido pela Lei nº 7.189/86, e os responsáveis pelos menores envolvidos em acidentes relacionados ao uso são responsabilizados.

Soltar pipa é sinônimo de diversão, mas pode também representar problemas e perigos, caso a brincadeira não for segura. Por isso, é necessário cuidado, atenção e segurança para aproveitar o lado bom da história, evitando acidentes que podem levar à morte, com choques elétricos ou interrupções no fornecimento de energia elétrica, prejudicando vários clientes.
Bombeiros orientam sobre os perigos de soltar pipa
•Para brincar com segurança, escolha lugares abertos, como campos de futebol e parques, evitando que a pipa enrole na fiação elétrica.

•Se a pipa enroscar em fios, não tente tirá-la, é melhor fazer outra e nunca utilizar materiais condutores, como pedaços de madeira e barras metálicas. Além do risco de quedas, podem ocorrer choques elétricos, muitas vezes causando queimaduras graves ou até mesmo fatais.

•A linha com cerol aumenta muito o risco de choque elétrico ao encostar na rede de energia. É importante afastar esse perigo para não transformar um brinquedo em uma arma.

•Em caso de acidentes com choque elétrico, você não deve se aproximar da vítima, chame o atendimento médico o mais rápido possível, principalmente em caso de queimadura aparente, e entre em contato com o Corpo de Bombeiros ou Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

•Evite prejudicar os vizinhos com a brincadeira, pois grande parte das interrupções no fornecimento de energia elétrica é gerada por interferência de objetos que encostam na rede, como as pipas. Ter cuidados com o trânsito ao correr atrás das pipas.
A singela pelada e a bola fora dos jovens jogadores
A aparição repentina de crianças em plena via pública por conta de uma pelada de futebol é constante. Alguns pais consideram sim perigosas algumas das atividades praticadas pelos filhos, mas destacam que é quase que inevitável e acham até saudável a maneira de que eles escolhem se divertir.
Os riscos dos mergulhos nos rios da região
Aumentam significativamente as ocorrências de afogamento nos rios quando se trata de mergulho entre crianças e adolescentes.  Segundo homens do Corpo de Bombeiros, pessoas de todas as idades devem evitar nadar após as refeições. Tudo porque quando está fazendo a digestão, o corpo concentra sangue na região do estômago. O esforço e a pressão da água causam vômitos involuntários dentro da água, travando a respiração.

É alertado o perigo de se buscar diversão nas águas dos rios. Com as crianças, o cuidado deve ser redobrado. Elas só devem entrar no rio com supervisão de adultos e com equipamento de segurança, como o colete salva-vidas, salienta um dos sargentos.

O fato de “conhecer” o rio desde a infância também pode se tornar perigoso devido ao excesso de autoconfiança. O rio pode ser traiçoeiro, já que o fundo do rio muda de lugar, conforme o agente. Uma prática constantemente vista e altamente condenável é pular das pontes. Se um dia o jovem pulou e não havia nada naquele lugar, no outro dia pode haver uma pedra. O rio se encontra em constante atividade, pode rolar uma pedra ou um tronco pelo fundo, explica.

Precauções no momento do mergulho
A melhor maneira de se entrar em um rio é de pé, com muito cuidado, sentindo cada pedaço do chão para verificar a profundidade.  Deixar na margem, uma pessoa que saiba nadar, com a função de socorrer. Mas não é aconselhável usar apenas o próprio corpo no socorro. O correto é jogar uma corda, um galho ou outro objeto para que a pessoa se agarre.   A calma é essencial em uma situação de risco dentro da água. O mais aconselhável é tentar boiar e se agarrar em algo que flutue ou esteja na margem.

Se a pessoa foi retirada da água e está inconsciente, a primeira coisa a ser feita é chamar socorro especializado. Pode-se tentar fazer uma respiração boca-a-boca.  Procurar opção de lazer segura como clubes ou casas com piscinas, por exemplo, é a melhor opção para as crianças e adolescentes.
Resgate de brincadeiras saudáveis na infância
Uma pesquisa da Universidade de Ulster, na Irlanda do Norte, feita com 500 adultos, constatou que os adultos mais saudáveis e com um estilo de vida mais ativo tiveram uma infância cheia de brincadeiras.

Os pesquisadores verificaram que crianças criadas com restrições a brincadeiras tornaram-se adultos com tendência a sobrepeso e hábitos menos saudáveis. “Apesar de ser algo espontâneo na infância, brincar muitas vezes não é considerado tão importante pelos pais”, afirma Tony Cassidy, responsável pelo estudo da universidade.

Brincar ao ar livre faz bem à saúde
Outra pesquisa, também conduzida pela Universidade de Washington, reforça a tese do quanto as brincadeiras são importantes não só para o desenvolvimento infantil, mas também para uma boa saúde. Os pesquisadores constataram que a existência de espaços verdes perto de casa contribui para que as crianças façam mais atividades físicas e, consequentemente, tenham menos riscos de ficarem obesas.

A pesquisa acompanhou quase 4 mil crianças e jovens, de 3 a 16 anos, durante dois anos. De acordo com artigo publicado no American Journal of Preventive Medicine, a pesquisa sugere, ainda, que as crianças que vivem em contato com áreas verdes apresentam melhor funcionamento cerebral e menos sintomas de déficit de atenção e hiperatividade. Para os que moram longe de parques ou em cidades carentes de espaços verdes, as alternativas são:

• Viajar para a zona rural sempre que possível
•Cultivar um jardim em seu próprio quintal
•Se divertir junto com as crianças.
De quebra, os pais e responsáveis também relaxam e se sente mais revigorados e ganham até mesmo autoestima.

O mal causado pela televisão e videogame em excesso
Pesquisadores da Universidade Yale, dos Estados Unidos, realizaram um estudo abrangente em que reuniram 173 pesquisas diferentes sobre a relação entre as crianças e as mídias em geral. Eles constataram que aquelas que passam muito tempo assistindo à televisão, a filmes, navegando na internet ou jogando videogame estão mais propensas, futuramente, a desenvolver problemas como obesidade, fumo, uso de drogas e álcool, déficit de atenção e hiperatividade, além de apresentarem baixo rendimento escolar.

Segundo o professor da Faculdade de Medicina de Yale, e um dos responsáveis pelo estudo, Cary Gross, há pesquisas que apontam uma média de 8 horas por semana, enquanto outros mostram que 2 horas por dia já seriam excessivas, tanto para os menores de 3 anos de idade, quanto para os maiores.

Mas, apesar de existirem mais evidências em relação à quantidade, é preciso estar atento também ao conteúdo que as crianças têm acesso, já que as crianças e os jovens são como esponjas e absorvem o que veem na televisão. O ideal é que os pais reduzam o tempo dos filhos em frente à telinha.

Entre as medidas apresentadas aos pais pelo grupo de pesquisadores, estão monitorar o uso, ver, ouvir e navegar junto com eles na internet, além de explicar às crianças o que é positivo e negativo nos programas de TV e games.
Depoimento de jovem: “Eu, quando era criança, adorava brincar na rua. Já era viciado em videogames, mas também não abria mão de um futebol ou andar de bicicleta e skate. A minha geração ainda aproveitou a fase das brincadeiras imaginativas. Hoje os pirralhos já nascem e vão direto para as redes sociais e para o Facebook”.

O pai de outro jovem estudante afirmou que o filho era muito interessado nos estudos, mas depois que passou a jogar videogame mudou totalmente de comportamento.  Passou a faltar aulas constantemente e depois começou a cair de rendimento.

As notas que antes eram as melhores de sua sala passaram a cair e ele terminou a oitava série fazendo prova de recuperação em várias matérias. No primeiro ano do ensino médio, ele teve várias dificuldades, mas conseguiu ser aprovado. No segundo ano, foi reprovado em três matérias, entre estas, Matemática e se recusou a estudar no ano seguinte.

O garoto voltou a estudar dois anos depois e outra vez foi reprovado. Desesperado, o pai não sabe o que fazer para que o filho, que agora tem 18 anos, volte a ter vontade para estudar.  “Ele deveria estar fazendo curso superior, mas por causa do maldito videogame, meu filho ainda nem concluiu o segundo grau”, conclui o pai em tom de decepção.