Por Agnes Patias - psicóloga
A velhice é biologicamente
percebida como um processo degenerativo, porém inerente a nossa condição humana.
Pode-se pensar que desde o momento de nosso nascimento, tornamo-nos
envelhecentes.
Enquanto a
Europa se organizou gradativamente para acolher o idoso, na sua grande maioria,
com políticas sociais e condições de vida satisfatórias e adequadas, o Brasil
visualizou esta ordem populacional, abruptamente, num crescimento acelerado e
um baixo índice de natalidade, com expectativas de vida maiores, indicando, portanto,
a longevidade humana.
Para
comprovar esta afirmativa, o IBGE aponta atualmente cerca de 23.000.000 idosos
no Brasil, com mais de 65 anos, em uma população de aproximadamente 194 milhões
de habitantes. Ao mesmo tempo em que se comemora o aumento cronológico, há
queixas pela previdência social do aumento de aposentadorias, a necessidade de
obter maior atenção com estes através da oferta com qualidade nos serviços
públicos e o cuidado permanente com as doenças consideradas crônicas e próprias
deste período de vida.
Infelizmente,
como consequência negativa desta realidade, a potencialidade humana não é
vislumbrada no velho, ficando este a mercê de alguns estereótipos, como por
exemplo, o de ser incapaz, dependente, alguém que representa altos custos para
os órgãos públicos bem como para um número expressivo de famílias,
principalmente, já que o salário miserável que recebem não cobre as suas necessidades
básicas de sobrevivência. Esta invisibilidade social torna-o mais vulnerável e
suscetível a violências cometidas principalmente por cuidadores, que se
utilizam desta condição, para, muitas vezes, cometerem determinadas ações investidas
da desintegração humana, violando todos os direitos assegurados.
Este
fenômeno social, associado à finitude existencial, manifesta-se sob várias
formas de violência, tais como: psicológica, econômica, sexual, medicamentosa,
física, bem como atos de abandono e negligência que impedem o idoso de viver de
modo saudável.
O Estatuto
do Idoso é ainda uma das formas de garantir o respeito e a dignidade aos
maiores de 60 anos. Precisamos colocá-lo em prática nas ações diárias. Também se
faz necessário redefinir algumas posições, realizando diagnósticos com
planejamentos viáveis, tendo a participação ativa do idoso, através de
definições previstas em conferências, fóruns, seminários e audiências públicas.
Enquanto
profissionais e membros de uma sociedade, precisamos estar atentos a estas
questões, considerando as contribuições destes através de suas experiências, como
sujeitos ativos, valorizando-os numa lógica inversa, de que a idade considerada
como sendo da juventude é um valor cultural único a ser seguido.
Já aos
órgãos governamentais cabe o desenvolvimento de políticas públicas sociais
adequadas e aliadas entre si, que permitam a superação do fenômeno violência,
construído por causas estruturais, mas passível de mudanças. O comprometimento com a vida passa por um
tratamento digno, com a possibilidade de independência, mesmo que limitada,
assim como o apoio incondicional da família e o acesso à vida, direito de todos
os seres humanos, sem exceções.