Por Agnes Patias - psicóloga
Depois do enfrentamento do Inverno eis que surge a Primavera,
independente do nosso querer, anunciando breves sementes de mudanças.
A luz incessante faz-se presente nas imagens, cores e formas,
colorindo sentimentos e absorvendo vozes, que, em uníssono, entoam ternas melodias.
Na sensibilidade dos poetas, vimos o transcender de um
período a outro, desfazendo-se em desapegos.
Pela fresta da janela, ao nascer de cada manhã, dá para observar
as flores que, em sua plenitude, acordam vestidas de cores e cheiros, capazes
de produzir vidas, sob diferentes modos.
Borboletas multicores, em erupção, já transformadas, compõem
o universo azul, destilando leveza e sagacidade.
As vozes do passaredo entoam cânticos, postos nos silêncios
das árvores, que se curvam frente tamanho esplendor.
Neste transitar de temperaturas humanas, começamos a sentir
para dentro, aquietar-nos por vezes e por outras desacomodarmos para, quem
sabe, nascermos em outras estações.
Muitas vezes, perdemos o encanto mágico da Primavera e nos
deparamos com os seus espinhos, necessários também para nossa sobrevivência, já
que estes possibilitam que nos protejamos das aniquilações.
O fascinante de tudo é que passamos por entre estas estações
efêmeras, transitórias, ligeiramente grávidas de afetos e desequilíbrios vitais
para, ali adiante, permitirmos novas trajetórias de vida.
Que cores teriam os sonhos que permeiam o nosso dia-a-dia, inaugurando
pores- de- sol a cada tarde, onde se unem e descansam sob o breu da noite que insiste
em cair sobre nossos olhares?
Abaixo às teorias irrevogáveis e verdades absolutas que
enrugam a alma e nos escravizam.
Que tenhamos jardins internos preparados para recebê-la, com
todos os seus cantos, encantos e desencantos, apoderando-se da vida e fazendo-a
acontecer.
Bem vinda, bela senhora, cantada em versos e prosas.
Acompanhe-nos e sinta-se à vontade em nós.