Por Ana Cássia Maturano
Assumir a responsabilidade pelo que se faz e suas consequências não é
algo simples. Algumas pessoas estão sempre procurando os responsáveis
por aquilo que acontece em suas vidas, seja para coisas positivas ou
negativas. Um erro no trabalho pode ser culpa do stress no trânsito. Uma
nota ruim na prova se justifica por um dia de calor. A boa foi apenas
um golpe de sorte. E por aí vai…
Fatores como esses podem atrapalhar o resultado do que fazemos. No
entanto, quando isso se torna frequente, pode-se desconfiar de alguma
confusão. Em casos assim, o indivíduo se enxerga à mercê do mundo, onde
sua influência é quase nula: coloca em fatores externos tudo o que lhe
acontece, e se isentam de toda a responsabilidade.
Hoje em dia, percebe-se isso na criação dos filhos. Estamos sempre
achando um culpado para algo que não vai bem com eles. Como se a
educação dada pelos pais pouco significasse. Um exemplo disso, e que tem
preocupado, é a questão das crianças estarem consumistas. O culpado? A
propaganda infantil, apenas ela.
Sem contestar o óbvio, que a publicidade influencia a compra (este é o
seu sentido), há uma responsabilidade do consumidor: ele decide se vai
ou não comprar. No caso de uma criança, essa incumbência é dos pais.
Com a justificativa de não frustrarem os filhos, os pais compram o
que eles querem. Em verdade, eles é que não suportam os inúmeros pedidos
(algumas crianças são muito insistentes), cedem e criam uma necessidade
nova: a de ter sempre algo novo e não poder esperar para tê-lo.
A frustração faz parte do dia a dia de todos nós e nos impulsiona
para a ação e o crescimento (até na aquisição de um produto ela existe,
ele nem sempre é igual ao visto na internet ou TV). É aqui que entra o
papel de educar: parar e pensar junto com o filho se o item é realmente
necessário, se o custo é viável e a possibilidade de poder esperar uma
data festiva. No entanto, isso dá trabalho. O caminho mais fácil, que
nem sempre é o melhor, é atender aos apelos dos pequenos.
Como é o caso da alimentação. As crianças andam obesas por comerem
alimentos açucarados e gordurosos. Quem lhes oferecem são os adultos,
que os ingerem também. Assim como eles, não gostam de frutas, o que
raramente veem em suas casas. Já o bolinho de chocolate ou refrigerante…
Alguns bebês já o provam na mamadeira. Mas o culpado pela má saúde é o
alimento, não a escolha errada que é feita.
Com a educação formal as coisas não são diferentes. O baixo
desempenho do aluno, ou sua conduta transgressora, para muitos é um
problema gerado pela instituição. Aqui a situação é complicada, pois
ninguém assume nada: as escolas tendem a responsabilizar as famílias e
vice-versa. E a criança fica perdida, aprendendo mais uma vez que há um
culpado, porém nenhum responsável.
Todos somos responsáveis pelo caminho que tomamos e nossas escolhas.
Quando se trata de crianças, isso compete aos pais. São eles que as
ajudam no desenvolvimento de bons hábitos nas várias esferas da vida,
com suas condutas e exemplos, apesar das influências externas.
http://g1.globo.com/platb/dicas-para-pais-e-filhos/
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