por Agnes Patias - psicóloga
Obervar o que se imagina IN comum parece algo um tanto
trivial, num mundo permeado por tantas atrocidades, que acometem a raça
humana.
O sistema capitalista, de modo ilusório, impõe como verdade o
gozo absoluto que explora o ser humano, tornando-o servo deste processo imediatista
de desejos e de satisfações que alienam, provocando muitas vezes o adoecimento,
a submissão e a docilização de corpos.
Permutar bens materiais em troca da desenfreada busca pela
felicidade é um dos pilares da contemporaneidade, como se os sentimentos
pudessem ser adquiridos através do vil metal, numa espécie de banalização dos
nossos sentires.
Quem ou o que incorporou a prática de que produzimos a tal
felicidade através de fontes externas, se as inquietudes capazes de promovê-la
encontram-se internamente, em nosso ser.
Quando o dinheiro sobrepõe-se aos sentimentos humanos, o
poder ilusório legitima-se, assumindo a liderança da nossa vida, numa condição
de onipotência.
Busca-se a felicidade plena por todos os cantos,
utopicamente. Por quais caminhos precisaríamos transitar para absorvê-la por
instantes?
A sociedade capitalista tenta constantemente abarcar o
público mais vulnerável, com suas sedutoras propostas e ofertas de produtos que
expõem possibilidades de consumo imediato na obtenção de mais prazer e com isso
mascarar as mazelas existentes, tornando-as menos invasivas, insensíveis ao
enfrentamento.
A angústia, por mais necessária que seja, em excesso trava ,
paralisa e impede o desenvolvimento saudável do homem que busca o prazer a
qualquer custo.
A vida social produz necessidades irreais, sem prioridades,
levianas, tornando-nos reféns desse processo de busca, como uma forma de
aliviar a existência que se faz vazia de significados.
Percebe-se que a maioria que detém o poder econômico e
político, ignora a dimensão dos processos éticos, em prol da troca de favores
pré acordados, dos conchaves , dos roubos implícitos de caráter e valores que
há tempo se diluem ,dos dinheiros públicos escondidos nas cuecas, nas meias,
nas golas do paletó, da impunidade,uma barbárie que não dá conta de tanta
intimidade e sedução do homem pelo poder que se apresenta.
A felicidade, esta estranha e desejada potência de vida, estaria
vinculada a relações de forças onde o dinheiro como forma de poder detém todos
os direitos do ser humano? Que forma de REconhecimento seria essa, para
adquirir maior visibilidade?
Precisamos ativar o nosso desassossego, para então, quebrar
estas lógicas e perceber ao menos as manipulações, jogos e entraves que estão a
se perpetuar no sistema que se apresenta, autorizando-nos a sentir na fluidez
da vida as bonitezas em outras formas de subjetivação.