Quando menina, vivendo sob o regime militar, nossa vida era simples, pouca ou nenhuma regalia como descendentes de imigrantes e sobreviventes da ditadura militar.
Quando adolescente, participar das Diretas Já trouxe um ânimo diferente na vida, quebrando o silêncio de muitos anos de ditadura com a implementação das eleições. Ver meus avós e pais votando pela primeira vez e, depois de poucos anos, eu mesma, era uma vitória alcançada.
Quando adulta, participar do movimento Caras Pintadas foi outro marco na história do país e da minha própria.
Democracia: Um país aprendiz
“Sob corrupção, a monarquia se transforma em despotismo; a aristocracia, em oligarquia; e a democracia em permissividade. É o que acontece com um povo acostumado a viver sob leis alheias; não sabendo garantir sua própria defesa, nem defender a coisa pública dos atentados inimigos, cairá logo sob um jugo muitas vezes mais intolerável do que aquele do qual se libertou. As vantagens da liberdade não são palpáveis ou visíveis a olho nu quando possuídas. Além do povo querer se vingar de quem lhe tirou a liberdade partindo então para uma anarquia pessoal que aumenta nos grupos. Um povo corrompido poderá recobrar a liberdade só com grande dificuldade e assim manter-se livre e viver em segurança. Apenas quando cortamos a cabeça tendo o tronco ainda intacto é que conseguimos manter a ordem e a liberdade."
O tempo passou. Muita coisa aconteceu. No país e em nossas vidas e famílias.
Até que chegamos a um limite.
O gigante acordou. O país precisa de mudanças. Mas, como povo, precisamos manter nosso foco e agir com a capacidade racional que nos é dada de transformar o que precisamos: através do voto e de manifestações organizadas e pacíficas.
É claro que queremos a Copa e as Olimpíadas. Mas com isso queremos a melhora geral da qualidade de vida para os brasileiros também, não somente a fachada para turistas verem.
Corrupção x Impunidade = Valores destruídos
Hoje nossos filhos estão crescendo em um mundo onde os valores praticamente não existem.
Estamos saturados com tanta corrupção, mídia parcial e interesseira, violência exacerbada, impostos absurdos, pobreza descomunal, falta de saúde e hospitais em condições precárias, educação e dignidade, políticos sem vontade política, juízes engolidos pelo sistema, tráfico de drogas que destrói a vida de famílias inteiras e tantas outras barbaridades que o simples fato de poder trazer o pão de cada dia para dentro do lar tornou-se um desafio.
Ou seja, com o voto e o fim da ditadura, ganhamos maior liberdade de escolha e poder de compra, mas outros problemas surgiram e nunca houve tranquilidade. Estamos aprendendo a viver a democracia, sem saber o que a liberdade realmente significa.
É necessário saber para onde vamos
Afinal, o que buscamos? Precisamos com certeza protestar para alarmar os governantes sobre tantas coisas que estamos insatisfeitos. Mas é necessário saber aonde se vai, ou não sairemos do lugar.
Por outro lado, precisamos realmente de pancadaria, depredação, violência, agressão? Será que este é o caminho correto?
"É fácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que tolere, sem protestar, um mestre ou um Corão. Mas é muito diferente, para libertar o homem, fazê-lo reinar sobre si próprio. Mas o que é libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que não sente nada, que significa a sua liberdade? Não há liberdade a não ser a de «alguém» que vai para algum sítio. Libertar este homem seria mostrar-lhe que tem sede e traçar o caminho para um poço. Só então se lhe ofereceriam possibilidades que teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se não existir gravidade. Porque a pedra, depois de liberta, não iria a parte nenhuma.”
Educação, tranquilidade e direito de viver em paz
Precisamos do que não temos. Precisamos de paz e tranquilidade. Precisamos nos unir em prol de nossas famílias, caminhar pacificamente e buscar os direitos de uma vida digna de forma civilizada, com palavras e ações que nos diferenciem da podridão que vemos todos os dias em nosso país.
Precisamos lutar pelo direito de criar nossas famílias ganhando nosso sustento com honestidade, por empregos compatíveis, por melhores condições de moradia, por direitos inerentes a seres vivos como saúde e condições de manter uma família saudável, segura e protegida da violência que assola o país.
Precisamos dar a nossas crianças a esperança de que o futuro é promissor, de que vale a pena viver de forma honesta, estudar, trabalhar e construir, para um dia colher os frutos de nosso trabalho e construir memórias para nossos netos.
Fortalecer a família para fortalecer o país
A corrupção é um câncer que consome a dignidade de um país. E por país eu quero dizer as famílias de um país que estão se desintegrando em parte por falta de meios para viver uma vida com tranquilidade, falta de valores e falta de Deus.
Viver as leis divinas traz paz e equilíbrio e precisamos urgentemente trazê-las para dentro de nosso lar, pois somente assim conseguiremos alguma paz no meio de tanta confusão.
Conhecer a Deus e obedecer Suas leis está acima das defeituosas, ineficientes e pré-históricas leis de homens e ainda acima do fanatismo produzido pelos mesmos. Negar as leis divinas não nos faz livres, mas escravos das leis dos homens.
Viver a lei de Deus traz paz, liberdade e tranquilidade
Ou seja, que tipo de liberdade conseguimos? Sabemos realmente viver livres?
Que tipo de liberdade precisamos? A liberdade onde a lei do mais esperto impera, como vemos por anos acontecer no Brasil, ou estamos preparados para viver numa sociedade onde as leis funcionam, onde seremos completa e totalmente honestos?
Estamos dispostos a nos tornar homens e mulheres mais responsáveis pela boa educação moral de nossos filhos ou continuaremos a deixar a responsabilidade apenas para a escola?
Sabemos exatamente que ter liberdade é agir com responsabilidade ou apenas reclamamos da situação do país e não nos responsabilizamos por nossos atos?
Estamos dispostos realmente a começar as mudanças dentro de nosso lar para termos um país melhor ou ficaremos esperando até o país ser perfeito para assumirmos nossa condição de pais e mães, maridos e esposas responsáveis pelos filhos que colocamos no mundo?
Se houver mais educação, haverá melhor razão e consequentemente maior discernimento, o que resultará em mais tranquilidade. A educação, porém, seja ela acadêmica, espiritual, profissional e principalmente para a vida, não vem somente das escolas, mas de famílias estruturadas na Rocha, no Amor e na Perseverança.
Precisamos mudar o país. Precisamos mudar o mundo. Precisamos nos manifestar sim! Mas com ordem! Porque sem ordem não há progresso algum em direção nenhuma.
Chris Ayres é mãe, esposa, escritora e fotógrafa, com formação em Psicologia e ESL Writing/Publishing.
É gerente geral do site Familia.com.br, acredita que a palavra tem força para mudar o mundo, que há uma mensagem divina desde o nascer ao pôr-do-sol, e que a família é o centro de tudo e, principalmente, quem somos.Para contatá-la, visite sua fanpage ou seu website.
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