sábado, 10 de agosto de 2013

“ Não é o sofrimento que destrói o homem. O que o destrói é o sofrimento sem sentido".

                         
                                                                                                       
   A morte, pensada como perda, atravessa a trajetória da história humana, modificando-se em diferentes épocas através de crenças, culturas, tradições. Buscou-se historicamente compreendê-la pela arte, ciências humanas, religião, na tentativa  quem sabe, de minimizar a dor provocada, de modo que se tornasse passível de diferentes representações.
O referido processo de finitude existencial  considerado como natural e inevitável,embora ultrapasse a nossa condição humana, põe-nos a transitar por fluxos de possibilidades tais como:
 Pode-se pensar que a criação de vínculos, necessária a qualquer ser humano, dá-se desde o momento da ligação mãe-bebê, através do cordão umbilical, estendendo-se no decorrer da vida, porém as perdas começam a ocorrer a partir deste corte, no período do nascimento, rompendo assim com a vida intra uterina.  
Durante toda a nossa existência deparamo-nos com as perdas objetais conscientes, levando-nos a buscar novas formas de produções de vida.
Em relação à elaboração da morte, há neste ínterim uma fase de luto, produzido por uma mistura de sentimentos e comportamentos que provocam diversas possibilidades de enfrentamento ou não, uns mais rápidos, outros mais complexos e demorados. Desespero, raiva, culpa, impotência, negação, podem provocar de início um desequilíbrio e uma desorganização devido ao choque da perda,dando lugar mais adiante a um estágio de compreensão,percepção, elaboração e ressignificação, com a devida redefinição de papeis,novas habilidades, adaptação às mudanças e  reinvestimento libidinal.   
As fases do luto,considerada segundo Bowlby, como um conjunto de reações frente à perda, passariam por implicações tais como: choque, inquietação, desespero, desorganização e por último a retomada de atividades à vida.
Embora com todas as dificuldades reais de assimilação, faz-se inevitável sofrer, lidar e encarar as dores provocadas pelas perdas, por mais temível e desafiador que seja. 
Deparar-se com a morte encarada como perda extremamente ameaçadora e irredutível, põe-nos na condição de sujeitos faltantes, falhos, imperfeitos, impotentes, talvez daí a sensação maior de insuportabilidade devido à condição narcísica e a sensação ilusória de onipotência. 
 Adaptar-se as perdas provocadas dependerá da individualidade de cada sujeito, considerando-se a sua subjetividade bem como as experiências trazidas dentro das suas produções éticas e morais.
Portanto, este olhar, embora reduzido, abre brechas para que pensemos o fenômeno morte, enquanto perda, como algo que transita por entre...nas entrelinhas da vida que produzimos a cada instante, como parte dela,embora sentida como algo que desacomoda,desconcerta,desapega,desvia, desmorona e se esvai. Necessária? Ambígua? Inquietante? Talvez...O importante é que provoque reflexões acerca do nosso existir e do sentido que damos a este processo.

Psicóloga Agnes de Fatima da Silva Patias
                                          CRP 07/ 17533