A data de 18 de maio remete-nos a
um caso de dor, violência extrema e indiferença à vida, pois foi exatamente
neste dia, no ano de 1973, que Araceli, uma menina de apenas 8 anos de idade
teve sua vida ceifada, após ter sido estuprada, drogada, espancada e morta numa
farra de sexo acompanhado de drogas, além de ter seu corpo desfigurado por
ácido.
Em maio de 2000, através da lei Araceli-
n° 9.970 foi instituído o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração contra
Crianças e Adolescentes.
A história nos mostra que as
crianças e adolescentes sempre sofreram diversos tipos de violências, pautadas
pelo autoritarismo e repressão com castigos corporais e emocionais, cultura de
dominação e discriminação, além de ausência total de direitos, hoje assegurados
por políticas públicas e sociais e legitimados pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, bem como pela luta nacional e internacional dos Direitos Humanos.
A violência representada através
do abuso e da exploração, infelizmente ainda comuns no nosso cotidiano, causa
indignação e repúdio. Tais práticas são alarmantes segundo dados relatados pela
mídia em pesquisas realizadas.
Necessário obtermos informações a
respeito de qualquer tipo de violência, principalmente esta que atinge
expressiva parcela de crianças e adolescentes. Ouvir, acolher, orientar, manter
diálogo constante com trocas afetivas ainda é a melhor forma de evitar tais
danos que causam traumas e consequências muitas vezes irreversíveis.
Embora se saiba dos entraves
burocráticos legais, das desinformações, das dificuldades nas investigações
policiais, das omissões, do medo ou ameaças sofridas precisamos denunciar às
autoridades competentes qualquer tipo de violência, promover campanhas
continuadas e dar um basta na impunidade que se faz gritante em nosso país.
As tentativas de enfrentamento
são múltiplas, embora ainda ínfimas diante da complexidade deste fenômeno que rompe
com a possibilidade de desenvolvimento saudável destes meninos e meninas,
violando seus direitos de modo cruel e brutal.
Precisamos legitimar esta nova concepção
que envolve a proteção e o respeito aos direitos já assegurados, na busca do
enfrentamento deste grave problema social.
Cuidemos de nossas Aracelis, pois
a responsabilidade em relação a estas é nossa, já que ainda são incapazes de
compreensão e defesa destas atrocidades.
Procuremos romper com o pacto do
silêncio que encobre esta situação de desamparo, numa espécie de invisibilidade
a dignidade humana.