domingo, 4 de agosto de 2013

Rompendo com o pacto do silêncio

                                     
            
 Por Agnes Patias - Psicóloga

A data de 18 de maio remete-nos a um caso de dor, violência extrema e indiferença à vida, pois foi exatamente neste dia, no ano de 1973, que Araceli, uma menina de apenas 8 anos de idade teve sua vida ceifada, após ter sido estuprada, drogada, espancada e morta numa farra de sexo acompanhado de drogas, além de ter seu corpo desfigurado por ácido.
Em maio de 2000, através da lei Araceli- n° 9.970 foi instituído o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração contra Crianças e Adolescentes.
A história nos mostra que as crianças e adolescentes sempre sofreram diversos tipos de violências, pautadas pelo autoritarismo e repressão com castigos corporais e emocionais, cultura de dominação e discriminação, além de ausência total de direitos, hoje assegurados por políticas públicas e sociais e legitimados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como pela luta nacional e internacional dos Direitos Humanos.  
A violência representada através do abuso e da exploração, infelizmente ainda comuns no nosso cotidiano, causa indignação e repúdio. Tais práticas são alarmantes segundo dados relatados pela mídia em pesquisas realizadas.
Necessário obtermos informações a respeito de qualquer tipo de violência, principalmente esta que atinge expressiva parcela de crianças e adolescentes. Ouvir, acolher, orientar, manter diálogo constante com trocas afetivas ainda é a melhor forma de evitar tais danos que causam traumas e consequências muitas vezes irreversíveis.
Embora se saiba dos entraves burocráticos legais, das desinformações, das dificuldades nas investigações policiais, das omissões, do medo ou ameaças sofridas precisamos denunciar às autoridades competentes qualquer tipo de violência, promover campanhas continuadas e dar um basta na impunidade que se faz gritante em nosso país.
As tentativas de enfrentamento são múltiplas, embora ainda ínfimas diante da complexidade deste fenômeno que rompe com a possibilidade de desenvolvimento saudável destes meninos e meninas, violando seus direitos de modo cruel e brutal.   
Precisamos legitimar esta nova concepção que envolve a proteção e o respeito aos direitos já assegurados, na busca do enfrentamento deste grave problema social.
Cuidemos de nossas Aracelis, pois a responsabilidade em relação a estas é nossa, já que ainda são incapazes de compreensão e defesa destas atrocidades. 

Procuremos romper com o pacto do silêncio que encobre esta situação de desamparo, numa espécie de invisibilidade a dignidade humana.